01 março 2013

O Lugar Mais Feliz do Mundo


Não sabia ao certo se estava em silêncio ou não. O momento era voltado a sensações, não necessariamente à realidade. Sentia-se leve. Leve como nunca estivera antes. Parecia que podia flutuar graças a ausência de preocupações, de dores e ansiedades. Não tinha pressa, não tinha medo. Só se sentia pura e confortável em si mesma, em todo aquele espaço limpo e tranquilo.

Sua mente se ocupava com simplicidades. Se ela tivesse uma cor naquele momento, seria um azul claro, aquele azul que forra o céu por trás das nuvens numa manhã fresca e ensolarada, com um toque delicado de lilás para diferenciar. Era tudo tranquilo, feliz. Sua mente nunca estivera tão pacífica.

Aos poucos a noção de ter um corpo retornava, mas não de forma comum. Ela podia sentir as próprias costas. Estavam apoiadas em algo quente e macio, confortável e convidativo. Sentia que havia vida naquilo em que se apoiava. Percebeu aos poucos os batimentos lentos, e sentia perto do rosto uma respiração morna acaricia-la. Seu rosto. Percebeu que seus olhos estavam fechados já que o hálito tocou de leve sua pálpebra. Ela estava perfeitamente confortável.

Então pode sentir os próprios braços, que assim como suas costas estavam em contato com algo morno e confortável. Braços, provavelmente. Acomodavam-na perfeitamente, como se seu corpo houvesse sido montado para encaixar perfeitamente ali, para ser envolvida calorosamente naquele lugar perfeito.
Seus dedos estavam afastados uns dos outros. À medida que percebia seus braços, percebeu que os braços que não lhe pertenciam acompanharam os seus até as mãos. E seus dedos se entrelaçavam com os daquela pessoa.

Sentia-se sonolenta naquele abraço. O tempo parecia ter parado, congelado ali apenas para preservar a tranquilidade e equilíbrio que havia entre eles. Tudo o que ela sabia de seu passado era que nunca antes se sentira tão bem. De seu presente, que não queria que aquele momento tivesse um fim. E de seu futuro... Que desejava pra sempre aquele refúgio.

Não sabia onde estavam e nem há quanto tempo estavam lá... Mas não sabia por opção. Era irrelevante o lugar, a hora, até mesmo o século deixava de ser importante. Só importava o momento, eles dois. Aquele calor que os envolvia de forma tão verdadeira. Mesmo com sua mente vazia de pensamentos, ela sabia que aquele era o seu lugar. Sua pequena utopia, seu paraíso particular.

– Ei, vamos pro amarelo?

Disse a voz feminina que interrompeu o devaneio. Ela abriu os olhos e reconheceu o ambiente. O corredor da faculdade, algumas pessoas passando e conversando entre si, o barulho de cadeiras sendo arrastadas, o normal de uma faculdade qualquer. Olhou para pessoa que os chamara e suspirou se afastando dele lentamente, e logo se virando para encará-lo. Ele também estava sonolento. Ajeitou o casaco jeans e ajeitou o cabelo com as duas mãos, apenas as mechas da frente como de costume, bocejando de forma similar a um rugido de leão.

– Meh, vamos.

Ele falou no fim de seu bocejo e levantou ajeitando as roupas. Por algum tempo a garota não se moveu, mas ele logo estendeu a mão para ela a convidando para ir junto, o que ela faria de qualquer forma. Ergueu sua própria mão em direção a dele e a segurou, com a certeza de que iria pra qualquer lugar que ele se oferecesse para leva-la. 

Três meses dessa sensação maravilhosa de paz, muito obrigada  namorado. :3



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