29 dezembro 2015

Mudanças e atualizações

Olá Napstablooks. Como estão?

Eu estou um pouco diferente.

Nem lembro quando foi minha última postagem ou qual foi, pretendo ver isso depois de postar esse post, mas muita coisa mudou.

Eu estou de saco cheio.

"Mas Meekah, você sempre tá de saco cheio!"

You, sir or miss, have an excelent point.

Sim, estou de saco cheio, sou a personificação do saco cheio. Mas fiquei de saco cheio de reclamar passivamente. Sempre tive pra mim mesma que meu problema é justamente gente me enchendo os pacuá dizendo o que, como e quando fazer, falta de paz em casa e não me sentir segura ou acolhida em lugar nenhum.

Ultimamente isso tem piorado. Não me sinto bem ou segura nem com meu próprio quarto. Antes ele ficava bagunçadinho, mas ultimamente está pior do que jamais esteve. E pela primeira vez eu falho ao tentar arrumar, eu sinto que apenas não vale meu esforço e energia. Eu não quero ou me importo em vê-lo arrumado.

"Ah, você é bagunceira". Mais um ponto válido, devo dizer. Mas minha desordem sempre se limitou a um misto de livros, jogos, desenhos, roupas e sapatos quebrando leis da física e ocupando o mesmo espaço. Mas não é mais só isso, tá uma droga. E eu não sinto que o espaço me pertence, então eu não ligo.

Outro dos meus HAPPINESS BLOCKERS era não ter poder sobre meus desejos. Como assim? Bom, eu sempre quis um 3DS, desde que ele foi anunciado e substituiu meu "sempre quis um DS" que já estava no lugar do "sempre quis um GBA" que veio do nada, já que eu tive um GBC. Eu tinha que implorar de joelhos pra ganhar isso de presente ou qualquer coisa que eu quisesse, quase me humilhar. "Mika why didn't you got a job?" bitch, I tried. Nenhum dos meus empregos anteriores foi correto, registrado ou pagava de forma digna. Mentira, o primeiro foi bem okzinho. Mas por serem particularmente ruins nunca durei realmente.

Um conjunto de "não gosto do lugar", fiquei infeliz e acabamos todos decidindo ver outras pessoas. É.

Mas então eu enfim arranjei um bom trabalho. Salário em dia, tudo certo, registrado, VT, VA, VR e tudo mais, décimo terceiro e tudo. E pela primeira vez na minha vida eu parei em casa e estava com vontade de pedir porcaria pra comer e pensei "FODA-SE, EU PAGO. EU FODENDO PAGO".

A maior marca disso foi o meu primeiro salário nesse emprego. Foi metade do mês, nada demais. Mas assim que eu recebi... Deus, como foi ótimo. Eu abri o site da Saraiva e comprei um 3DS roxo, minha cor favorita. Eu comprei, ele chegou. Eu. Comprei. Eu podia me fazer feliz, eu pude comprar presentes pra pessoas que eu gostava, pagar minhas próprias porcarias e apenas... Ser suficiente.

As coisas melhoraram um pouco desde então, mas voltaram a piora. Apesar de maravilhosas aquisições, eu não fiquei satisfeita. Nossa, que ingratidão, dels. Não, não é.

Eu comprei um quadro da Slytherin pra mim. Ele é tão lindo e tão perfeito, adorei tê-lo comprado. Ele tá num canto, não acho que a parede valha sua presença. Fica ali, indiferente, escondido. Minhas cartas de Magic não tem lugar, meus posteres estão caídos e eu nem ligo de por meus livros de volta na prateleira.

Ai, uma das primeiras vezes na minha vida, minha mãe falou algo que fez sentido.

Eu estava chateadinha com acontecimentos chatos e expressei minha satisfação, falta de vontade de continuar e impulsos homicidas. E então ela fez uma ótima pergunta.

"E quando você vai embora?"

E eu pensei comigo mesma "mas não sejas ridícula, molier, eu não tenho condições de-".

Ai eu lembrei do meu 3DS. Eu sempre quis aquele fodendo trêsdeésse e agora eu  tinha, não só ele, mas três outros fodendo jogos.

Por curiosidade vi sites de imobiliárias enquanto falava com ela. Aluguéis pagáveis em lugares ok. Nada luxuoso, mas pra morar sozinha era perfeito.

E ai como um lance meio Inception, algo começou a girar na minha cabeça, no âmago do meu ser, e agora eu tenho esse objetivo imperturbável de que eu vou, até fevereiro, sair de casa e ter o meu canto com meu gato. (já falamos do gato)

Infelizmente eu decidi isso na semana que precedeu o natal, então tá tudo meeeeio que em recesso. Mas, tirando esse detalhe, já está tudo encaminhado e eu pretendo separar os documentos logo que possível pra fazer isso. Poucas exigências: privacidade e possibilidade de ter gatinhos.

O lance do gato é o mesmo do 3DS. (long story short)

Eu só estou nesse momento em que tudo o que eu quero é ter paz, e que paz é melhor do que entrar na sua casa, abrir sua geladeira e reclamar do copo que você mesmo deixou fora do lugar? Eu não sei, mas por hora isso parece incrível.

E eu mal posso esperar.

E é isso ai por hoje, só estava afim de registrar isso. Ainda tenho que por no caderno, então né. Mas valeu. Sempre vale. Esse tipo de mudança é boa.

AGUARDEM NOVOS CAPÍTULOS, NAPSTABLOOKS.

PS: Napstablook é um fantasma lindo e amável do jogo Undertale. JOGUE ESSE JOGO, ELE É FODENDO AMAZING. Melhor jogo que já joguei num PC em toda minha vida. Então joguem.

Até qualquer dia, mesmo que ninguém leia isso. E é isso ai. õ/

20 dezembro 2014

Um Pouco da Minha Felicidade pra Quem Interessar

Costumo reservar esse blog pra reclamar da vida, então por ele parece que minha vida tá uma merda. Tava pensando nisso esses dias. Então vou registrar como REALMENTE está minha vida aproveitando que estou de bom humor sentada na caminha do meu namorado que tá trabalhando. (yay *-*)

Well não to trabalhando ainda, mas isso me aborrece apenas vez ou outra. Tenho tomado muito suco, muito mesmo. Em casa  decidimos comprar um porrilhão de frutas pra fazer vitaminas, sucos, saladinhas e etc. Com isso eu consigo consumir algo mesmo quando enjoada (beber é mais fácil) e deixo o refri de lado. Infelizmente percebi que meu organismo sente falta da Coca-Cola. Passei, de boa, mais de uma semana sem realmente tomar refri, mas ai um dia eu acordei com a garganta seca e só conseguia pensar em "meu deus eu preciso de Coca" e não curti isso, foi ruim, mas de boa :v

CARA to muito foda no LoL. Jogo com quase qualquer coisa que pego no aram e carrego 9/10 jogos de Sona nuuuuma boa. Ou de Janna... Ou de qualquer coisa que cure ou dê shield. Ou de qualquer coisa ap que não tenha energia... Ou ad que não seja melee. :v q

Também to bem com meu corpo, bem bem. Só meu cabelo que quero voltar a ser colorida, mas não estou descontente com ele.

Acho que o melhor da minha vida no momento é meu namorado e tudo que o cerca. Diferente de relacionamentos passados esse é com um namorado seguro de si. Ele já era feliz antes, estar comigo é algo a mais, mas a alegria e felicidade dele já estavam aqui quando eu cheguei, só virei alguém pra curtir a vida com ele. Nunca vi alguém tão livre de machismo e tão bem com ele mesmo e comigo. Sério, criaturinha doce e amável que não reclama de roupa, amigo ou enche meu saco, só é feliz comigo e me ama. Eu confio minha vida a ele, meu melhor amigo, e sei que ele nunca me trairia, assim como nunca o trairei. E não dependemos um do outro, estamos juntos. Não precisamos "nos pegar" pra ser felizes, apesar disso ser daora, não é a base do nosso relacionamento. A base é amizade, parceria, felicidade. De ir ao Hopi Hari juntos até ir de trem pra Jundiaí pra não chegarmos cedo demais na casa dele. De ver uma série em casa até ir assistir ~O Robert~ em IMax. Só estamos juntos pra rir, viver e ser felizes. Pra sempre.

E ai tem as famílias. Meus pais adoravam meu primeiro namorado e detestavam o segundo, mas o meu namorado eles amam e adoram. Ele foi bem recebido dos meus avós até meus tios. Foi querido, admirado e apreciado como meu namorado. E a família dele me recebeu como extensão dele. Da minha sogra incrível me dar broncas junto com ele, me chamar pra acompanhá-la por ai, me chamar pra eventos de família e fazer questão de fotos, me contar coisas e compartilhar comigo da vida dela. O pai dele e as irmãs também me receberam bem, como filha, como irmã, como a namorada do meu irresponsável irmãozinho caçula, me receberam. Apenas é certo e bem recebido, um respeito mútuo, um carinho enorme. Acho que nunca na minha vida eu me senti tão querida e tão bem comigo mesma. Por que me conhecem, me veem, já me viram de todas as formas e em diferentes dias, foram sinceros. Nunca fingiram ou mentiram alguma coisa, apenas foram sinceros comigo em tudo, de estar com uma roupa bonita até dizer que eu devia emagrecer um pouco e o namorado também :v
Só é uma família incrível e receptiva. E eu me sinto bem por fazer parte dela cada dia mais, assim como cada dia mais ele faz parte da minha.

Tenho desenhado e escrito muito ultimamente também, e isso me faz feliz~

E é basicamente isso. É pouco pra quem lê, mas é o mundo pra mim. Um pouquinho da minha felicidade pra quem interessar, é isso ai.

27 novembro 2014

Children From Broken Homes

Fazendo um post enquanto ouço Enya, tamanha minha infelicidade. Só to tentando ficar calma.

* Inspira e expira *

Quero desabafar. Começando por pessoas que tem me irritado (sempre, né).

Pessoas que eu considerava  até descobrir que são machistas. Jesus eu to tão saturada que ó. Meninas que dizem coisas como "o feminismo começa depois dos 90kg" e "feminismo é falta de sexo" e o clássico "foi estuprada? se não estivesse bêbada/de roupa curta/na rua tarde/se oferecendo [?] isso não teria acontecido!" e etc etc etc. E cara, na boa, não sou obrigada, só não sou. Roleta do unfollow e se eu gostava demais de você eu só apago por que né? Eu definitivamente não sou obrigada.
Coxismo me irrita.

E o pior que tem me acometido ultimamente.

Acho que nunca realmente me abri sobre família e minhas dores de infância por que, hm, dói. Mas to tão chateada que foda-se.

Minha família (o círculo pai, mãe, madrasta, Batman etc) é uma merda. "Ain você não osama Bin Laden" cara, eu amo. E não amo. Eu me importo, basicamente. Mas não muito. E eu definitivamente não os ouço.
Uma das minhas maiores dores e frustrações na vida é justamente a sensação de abandono. Sim, eles estavam lá... Mas não estavam. E eu não gosto disso, eu me sinto sozinha há muito tempo. E ficar sozinha acaba me confortando por que minha verdades e força pra não me matar todas as vezes que senti vontade eu encontrei na solidão. Eu encontrei em mim e por mim. Então não os reconheço com carinho, me dói e me repele assustadoramente a ideia de abraçar qualquer um deles e eles retribuírem (por isso abraço meu pai, mas não deixo minha mãe me tocar. Ele ignora, ela não). Eu não quero aproximação deles, não consigo processar esse contato. A dor foi demais e eu só não quero lidar com ela, hn.
Então eu só vivo individualmente.
Quando meu pai casou de novo e a mulher dele veio morar com a gente ficou algo consideravelmente bacanazinho. Não a vejo como mãe nem nada do tipo, nem perto, mas, apesar de extremamente turbulento, era divertido. Alguém que não conviveu a vida toda comigo pra debater coisas aleatórias em casa ou pedir opinião em coisas que pais não ajudam (eu só não falo com eles).
E então em casa fica engraçado, brincadeiras e etc.
Ai eles brigam.
Ai todo mundo fica quieto e em seu canto e eu fico sozinha de novo.
É realmente horrível, de verdade. Quando você se acostuma com uma convivência e ela some. E tudo vira silêncio, tudo fica desagradável e solitário de novo. E eu me sinto mal por eles. Por que eu fico sozinha e aguento, mas ver meu pai destruindo relações continuamente e minha mãe também só me deixa ainda mais convicta de que ninguém realmente muda ou melhora. E o problema não foi ele ou ela. Foram os dois. Dois grandes culpados de personalidade forte e difícil.
E cara... Sei lá, isso me frustra num nível que mal consigo me expressar o suficiente. Por que isso inclusive mostra que não adianta nem me irritar com os dois... Por que só vai continuar. E se eu falar pra eles que estão agindo errado? Ah, quem sou eu pra dizer pra eles o que eles são?
Só acho isso meio deprimente.
Seria legal só não ter que passar por nada disso e ter uma família nuclear. Sei lá, mãe e pai convivendo em paz, juntos, gostando um do outro. Mas os meus não gostaram um do outro e mostram não serem capazes de gostar/conviver com mais ninguém por muito tempo.
Engraçado eles dizerem isso um do outro cheios de orgulho e convicção.
Sujo falando do mal lavado.
E falando isso pra mim, como se eu já não achasse isso patético o suficiente quando acontecia diretamente pelos dois no mesmo lugar e um com outro. Mesmo longe continuam a briga, passam pra mim... E não posso defender ninguém.

E ainda dizem que tá tudo bem entre eles, que eles lidam um com o outro muuuito bem.

Só queria que parasse. E é isso. sl

flw, chega de desabafo.

10 outubro 2014

Feel like bitching a 'lill bit.

Hey.

Então né.

To revoltada. - Pressiona os lábios em linha - Hm. To tipo, revoltada.

As pessoas sabem como sou, hm, perigosa.

Eu sou uma pessoa ruim, venenosa e vil. Quando provocam.

Hm. É.

Sei lá.

Tava pensando esses dias em montar um mural com fotos de antes e depois das pessoas que já me fizeram mal e eu chutei da minha vida. Pqp como ficaram feios, ninguém quer ficar feio que nem eles. E não foi um ou outro, foram todos.

Muito.

E tipo, cara, se eu mandei você se foder eu meeeeio que falei pra todas as pessoas que amo e com quem me importo que você não presta, é. E isso é tipo... * Contando nos dedos * ... umas 4 pessoas. É. Pra menos.

Então fica loooonge dessas quatro pessoas seu imbecil -.-

Não piora essa sua vidinha de merda com essa sua barriga de 9038409438 metros de circunferência enchendo meu saco, aparecendo na minha frente. Além de tudo você é feio, porra. -.-

Então, é. Só to puta. Cara, to puta. Tão puta que to pensando em cobrar. -.- nnn

Só queria que as pessoas fossem morar na África e morrer de Ebola. (ok que nem precisa ir tão longe assim, é).

Por que eu não posso matar, só incentivar o suicídio mostrando como você é babaca, patético e ninguém te ama. -.-

Então é isso. Some. :|

Sei lá. Hm.

É isso.

* Dando de ombros *

10 agosto 2014

Ahhhhhhhhhhh krl.

Então... Oi, tudo bem? Não sei por que ainda pergunto, na verdade. Oh well.

Fiquei, como de costume, um tempinho sem postar aqui. De novo. * Redundante *

Então vou só coisar o negóço.



Andei pensando na última coisa que postei no blog e tal, o pseudo-conto. É triste, é tão triste. Fico aborrecida com pessoas que estavam na minha vida e decidem sair assim. Não só sair e ir embora, mas por pra fuder na saída de forma que me tira do sério. Uns mentem, manipulam, se vitimizam e destroem, não só o meu coração, mas o de pessoas que eu amo muito e me importo do fundo desse músculo que bombeia sangue. Sem nenhum motivo. Outras, após eu ter pedido gentilmente para se retirarem de certos postos meus, se revoltam, ofendem, se vitimizam (isso é meio moda da infelicidade) e fazem ameaças... Até entendo nesse caso, quem nunca teve seu coração partido e fez ou disse coisas idiotas?

Mas uma coisa é dizer e fazer coisas idiotas pra mim, outra é fazer com quem eu amo. Ai é totalmente diferente.

E ai fodeu.

Recentemente o Sr. Indivíduo de umas postagens atrás do ano passado e tudo mais virou para o meu melhor amigo/namorado e falou groselhas. Ofendeu, ameaçou, tudo direcionado pra pessoa mais gentil, doce e calma do universo, uma das melhores pessoas do mundo desprovidas de malícia e maldade nas ações e coração. E foi e groselhou-o com suas palavras típicas do ~machão da net~ que ele é. Pois é.

Ai então você pensa, ó ilustríssima entidade cósmica, o que será que a Srta. Mican fez?

Eu podia: ter mandado mensagem, ligado pra ele, ido até a casa dele, ligado pros pais dele, registrado um B.O que procrastino desde fevereiro de fazer... Uma quantidade enorme de possibilidades.

Mas então decidi fazer algo mais sutil, sincero e gentil. Não direi o que é por aqui, claro. Mas como quem me conhece bem sabe, foi algo cruel, venenoso e vil. Mas eu não menti, ofendi ou inventei nada. Eu só ataquei como sempre ataco: com a verdade.

And geez the truth hurts.

Eu acho que vingança é algo que deve ser feito sempre com dignidade. Nunca minta, machuque ou invente, só mostre que você tem razão, empodeire-se da verdade e tenha do seu lado todo mundo, por que todo mundo verá que você tem razão.

And O M G am I right? (favor ler do jeito que a X-Lesb da Ramona fala no filme, grata)

E por falar em Scott Pilgrim, esse lance de Big Xs. Eu perco nisso, nem tenho. São o que? Um jovem bacana com quem compartilhei uns bons anos e agora seguiu a vida dele longe da minha, numa boa e sendo o cara legal que sempre foi e um pseudo-violento machinho da net que jura que suas palavras de ódio são alguma coisa, sendo que ele ainda mora com os pais e nunca trabalhou na vida? Nenhum dos dois é nem meio X. Um é "antigo namorado" e o outro é... Sei lá, um desperdício do meu tempo, basicamente.

Sou uma pessoa muito tranquila na minha, até mexerem com quem eu amo.

Quer ficar de boa comigo? Fica. Longe. De quem eu amo. Só isso, não faça mal. Trate bem essas pessoas e o mundo é seu, mas se alguma dessas pessoas ficar cabisbaixa por tua causa. Só some. Faça esse favor pra você mesmo.

05 julho 2014

A Moça, o Cara e o Rapaz

Ouvindo "Cotidiano" do Chico Buarque, gosto tanto.

E ai? Faz um tempo, nem lembro qual foi a última postagem. Pois bem.

Queria só contar uma história.



Era uma vez um Cara. Esse Cara parecia pequeno, frágil, gentil. Num momento de fragilidade a amizade entre esse cara e a Moça se aproximaram. Ele meio que estava mal, triste, havia perdido o então amor da sua vida. E do nada os dois ficaram próximos. "Aquele olhar", murmurou pra si mesma quando percebeu um brilho no olhar dele.

E então se tornaram amigos, riram, se divertiram e ele contou abertamente que sentimentos pela Moça haviam surgido. A Moça tinha seu par, que não importa pra história, e eles eram amigos também. "Tudo bem" ela murmurou. "Paixões de verão... Se bem que é outono. Bom, vai passar" resolveu.

O tempo passou e o rapaz que a tinha perdeu seu brilho pra ela. Nada demais, "A vida aconteceu" resolveu. E então ela e o rapaz começaram a brigar, cada vez mais frequentemente, e o Cara fazia era incentivar que a Moça se libertasse daquele caos. Ele tinha razão, foi um bom conselho, mas ela temia que não fosse uma preocupação doce de melhor amigo, e sim interesse.

"Talvez se ela estivesse sozinha" ele pensou "eu teria mais chances.". Pois bem. A Moça tratou de esclarecer que não havia como, não havia chance, eram incompatíveis e o desejava apenas como amigo e nada mais.

Ele ficou triste. Cuidava dela, estava ali pra ela, do lado dela e não ganhava uma chance de demonstrar o quanto seriam perfeitos juntos? Divertiam-se na companhia um do outro sempre, ela sorria com ele e ao vê-lo e vice-versa. "Somos perfeitos juntos" murmurou. "Ela terá que perceber" resolveu.

Tentava o máximo que podia enaltecê-la, estar lá, aparecer, falar, olhar e participar. Mas acontece que as chances que ele mal tinha foram sufocadas pelo excesso de tentativas. A Moça se aborreceu. Nunca quis e nunca quereria estar com ele como amores, só como amigos, e só. E sentia-se ofendida pelo excesso de tentativas por parte dele.

- Mas somos praticamente namorados, veja como andamos juntos e nos vemos sempre! Como nos damos bem e as pessoas acham que devíamos ficar juntos, se já não estivermos!

- Pois saiba - Retrucou irritada, mas sem perder a postura e o cuidado - Que não é só contigo que sou assim, somos amigos, assim trato meus amigos, e se for pra colocar que acham que estamos juntos por como somos tratarei de passar-lhe uma lista de todos com quem sou assim. Sabe que sou gentil com quem gosto, e não gosto apenas de ti, aceite.

É quase desnecessário registrar que os fatos que ela empurrava, pouco a pouco, o tiravam do sério e lhe comiam a paciência. "Ninguém é por ela como eu, ninguém a ama como eu" resmungava sozinho. Pois acontece que a Moça acabou por se apaixonar pelo melhor amigo de ambos. Rapaz esse com quem ela andava de braços dados, visitava em casa e ria tão reluzente quanto ria com o Cara. E ele devolveu o afeto, pouco a pouco, de seu jeito e do jeito dela. Tão sutil e tão certo, os dois felizes por terem se dado essa chance depois de dois anos de pura amizade.

Ele odiou, não admitiu na hora, mas odiou tudo sobre isso e fez com que a Moça evitasse falar disso e mostrar perto dele, para não fazer-lhe mal, por que ela o queria bem. Ele insultou-a e disse que não teria futuro, contou coisas que o Rapaz lhe dissera e pedira para que guardasse, traiu a ele. E orgulhou-se disso.

Mesmo sem admitir, talvez nem pra si mesmo, ele quis estragar. Tê-la só era melhor que tê-la com alguém. Ela era dele por direito, talvez. Mesmo que ela houvesse perdido a calma e o estivesse, tratando mal de tão sufocada que se sentia, ele ainda a queria só pra ele.

Mesmo quando alegou ter deixado de amá-la, disse que nunca a amou nesse último ano inteiro em que ele, mais de uma vez, jurou amor eterno.

Ele não soube o que sentir. Ou uma grande mentira, nunca tê-la amado e a ter iludido nisso e feito com que ela moldasse a própria vida para não fazer-lhe mal, ou ele mentir sobre ter parado. Qualquer uma era ruim e dolorosa, ela bem sabia. E nenhuma era algo que um amigo faria, ela bem sabia.

Até que ele decidiu tratá-la realmente mal.

Fez pouco do que dizia, tentou humilhá-la e ofendê-la diante de amigos, ofendeu-a diretamente, falou dela pelas costas, fez com que a Moça se sentisse mal. Até ela revelar que algo a fazia mal e ele abertamente deu de ombros e disse não se importar.

Então tudo caiu e ela se cansou.

A Moça o condenou ao exílio, e para lá ele foi.

Por mais que ela seja forte, que ela não tenha reagido da forma esperada, ainda se pega pensando e inventando diálogos que não vão acontecer. Sente-se mal, infeliz e irritada por, novamente, deixar alguém chegar perto o suficiente para apunhalá-la. Gostaria apenas que ele fosse, de fato, o garoto meigo, gentil e pequeno que parecia ser, e não o grande peçonhento egoísta que se mostrou.

O que mais a tranquiliza é saber que nunca deu à ele a chance que ele não merecia.